Francisco Xavier de
Mesquita, o popular, Nenen Mesquita, esse homem se vivo estivesse, completaria
na data de hoje, domingo 26 de fevereiro de 2017, 86 anos de idade. Mas, quem
foi nenen mesquita?! A essa pergunta, seja novo ou velho, a resposta é unanime:
“foi o melhor prefeito de Senador Sá!”. Mas você sabe o que fez este homem de
tão bom para Senador Sá? Será que ele faz jus ao título? O Correio
Senadorsaense traz com exclusividade um breve histórico da vida pública deste
homem, que foi prefeito apenas uma vez, de 1983 a 1988, mandato de 6 anos.
Francisco Xavier de
Mesquita, nasceu em 26 de fevereiro de 1931, na localidade denominada de
travessão, região onde hoje fica o penêdo, limite em Senador Sá e Uruoca,
era filho do senhor Francisco das Chagas de Mesquita e da senhora Maria Marques de Mesquita, casou-se na década de 50 com Maria Soledade de Oliveira, que era Filha de Joaquim Sancho de Oliveira e da senhora Dalila Maria de Oliveira, Soledade é irmã de Sancho Rodrigues de Oliveira, que posteriormente viria a ser um político muito influente no local.
era filho do senhor Francisco das Chagas de Mesquita e da senhora Maria Marques de Mesquita, casou-se na década de 50 com Maria Soledade de Oliveira, que era Filha de Joaquim Sancho de Oliveira e da senhora Dalila Maria de Oliveira, Soledade é irmã de Sancho Rodrigues de Oliveira, que posteriormente viria a ser um político muito influente no local.
Em 1958 em decorrência
da seca, Joaquim Sancho de Oliveira, então sogro de Nenen Mesquita, junta as
trouxas a mulher e os filhos, com exceção de Sancho, e segue viagem rumo ao
Estado do Pará, em busca de uma vida melhor, e com eles foi também Francisco
Xavier, recém-casado com Maria Soledade (agora) de Mesquita.
Quando voltou ao Ceará,
não sabemos.
Com apenas o ensino primário comprovado em papel, ou seja, era apenas alfabetizado (que na época já era muita coisa), antes de ser político, segundo nossas fontes, Nenen foi funcionário do cartório municipal, onde trabalhou com Jose Aguiar Filho, foi também um dos primeiros funcionários da cagece e o primeiro funcionário da junta de serviço militar do município, foi também secretário na gestão de Alexandre Fonseca Marques, sempre sendo um excelente funcionário.
Com apenas o ensino primário comprovado em papel, ou seja, era apenas alfabetizado (que na época já era muita coisa), antes de ser político, segundo nossas fontes, Nenen foi funcionário do cartório municipal, onde trabalhou com Jose Aguiar Filho, foi também um dos primeiros funcionários da cagece e o primeiro funcionário da junta de serviço militar do município, foi também secretário na gestão de Alexandre Fonseca Marques, sempre sendo um excelente funcionário.
Segundo nossas
pesquisas, tudo começou quando o comerciante Alexandre Fonseca Marques foi
eleito prefeito pela primeira vez em 1976, o mesmo foi lançado como sucessor
indicado de Sancho Rodrigues de Oliveira, na época não havia reeleição e o
apoio de quem estava no poder era essencial, tanto pela própria política em si,
como pelos contatos e ‘moral’ no referido ciclo, que tornava tudo mais fácil.
Ainda segundo as
informações, o acordo seria que Alexandre deveria retribuir lançando Sancho
como sendo seu candidato indicado na eleição seguinte, que viria a acontecer em
15 de novembro de 1982, o que não aconteceu.
Na época, Sancho,
segundo o próprio, vivia em Goiás onde cuidava de uma fábrica de queijo de
coalho de sua propriedade, ainda de acordo com ele, em início de 1982 esteve a
conversar com o então prefeito e quis saber se o acordo ainda estava de pé,
como a resposta não foi a esperada, decidiu que lançaria seu próprio candidato.
Os motivos pelo qual
ele não se lançou não sabemos, o fato é, que o candidato escolhido foi o seu
cunhado, Nenen Mesquita, então filado ao PDS, tendo como vice, Francisco
Rogério Cunha, que na eleição passada havia disputado com Alexandre Marques o
cargo majoritário.
A chapa indicada pela
então situação, tinha na cabeça José Anésio da Silveira, também do PDS, e na
vice, Agenor Alves de Morais. Cabe aqui falar, que na época um mesmo partido
poderia lançar mais de um candidato e, logicamente, venceria aquele que
obtivesse mais votos, por isso os dois candidatos em lados oposto pelo Partido
Democrático Social.
Também disputaram
naquela época pelo PMDB, João Rodrigues Alexandrino (João Julião) com Antônio
Rodrigues Alexandrino na vice, e pelo Partido dos Trabalhadores, Anastácio
Benjamin, ao lado de Francisco Miguel do Nascimento.
A eleição então
aconteceu, como dito acima, em 15 de novembro de 1982, tendo Nenen Mesquita
como ganhador, o mesmo foi eleito com 857 votos, 66 a mais que o segundo
colocado, José Anésio, o PMDB fez 42, e o PT obteve 5 votos.
Se o leitor já chegou
até aqui irá continuar, entramos agora na gestão de Nenen. Foi preciso narrar
até este ponto para contextualizar o conteúdo e situar o leitor dentro do
momento histórico.
O então prefeito,
vice-prefeito e os demais eleitos, segundo nossas fontes, foram empossados no
dia 15 de março de 1983, possivelmente em Massapê.
Francisco Xavier de
Mesquita, é descrito por todos como um homem de uma honestidade absurda,
daqueles que gostavam da coisa certa, do jeito certo, na hora certa. Caladão
(assim descrito por alguns) e muito dedicado, viveu seus 6 anos de gestor
exclusivamente para o povo.
Foi na gestão de Xavier
que Senador Sá deu saltos significativos em desenvolvimentos em todas as áreas,
cabe aqui por oportuno, falar que até a data em que nenen tomou posse, o local
onde hoje encontramos a praça de eventos, o anfiteatro e os três poderes, nada
mais era do que um limpo (terra aberta) cortado apenas pelo monte de terra onde
até 1977 passava o trem. Segundo nossas fontes, ali onde hoje existe os
prédios: Prefeitura, Câmara e Fórum, ficava o campo de futebol municipal, todos
os anos em períodos de chuva toda essa parte, supramencionada, ficava alagada,
“era uma verdadeira lagoa o centro de Senador Sá” dizem os mais velhos.
O paço da câmara e
prefeitura municipal, nessa data, funcionava em um casarão antigo que ficava
localizado ao lado da residência do então prefeito (fotos acima), onde
atualmente fica localizado a residência do ex-prefeito senhor Sancho Rodrigues.
Onde funcionava a justiça, não sabemos.
Nós também não temos a
ordem cronológica de seus feitos, no entanto vamos elencar de forma simples e
direta algumas das que consideramos mais importantes mencionar.
Foi de Nenen Mesquita a
ideia de construir, talvez inspirado em Brasília, os prédios próprios para
administração pública, os três poderes, que existem até hoje, assim também como
a praça no centro, onde foi arborizada com plantas frutíferas de vários tipos e
muitas flores, que nos rendeu o apelido de ‘cidade das flores’, colocado pelos
transeuntes.
Ali também na praça foi
construído a rádio local, o instrumento de comunicação oficial, “a radiadora da
cidade”, conhecido por muitos também como “a radiadora do Carmelo” em alusão a
um locutor que trabalhou no meio na época, o predinho ainda existe até hoje na
praça municipal em frente aos três poderes (foto abaixo).
Com a urbanização do
centro, o campo que ali existia teve de ser extinto e um segundo campo foi
construído, na época, no final das terras do bairro onde hoje é matadouro, na
época de propriedade do senhor Raimundo Rodrigues Bastos, popular Raimundo
Mamede, que fez doação das terras para o campo municipal e para a construção de
um projeto de piscicultura, projeto ousado, mas que não prosperou, apesar de
ter suas obras com mais de 90% concluído.
O projeto de
piscicultura foi algo inovador na época, foi construído uma caixa d’gua, com um
poço tubular profundo e uma piscina de mais ou menos 40m/15m, com profundidade
de aproximadamente 1,5m. No projeto também constavam vários canteiros de horta,
que ainda foram distribuídos numericamente e entregue aos cuidados do receber,
neles eram plantados, cebola, coentro, pimentão, pimenta de cheiro e malagueta,
o local onde ficava o empreendimento é hoje, o deposito J. E Dourado
Construções.
Foi também na gestão de Neném que foi criado a seleção
de futebol de Senador Sá (SESSA), seleção essa que disputou inúmeros jogos pela
copa da Amizade, (copa muita afamada no seu tempo), narram alguns, que eles
jogaram de Massapê a Camocim, fazendo sempre grandes partidas com o total apoio
da Prefeitura Municipal, fazendo assim jus ao slogan de sua gestão
“administração com participação do povo” conforme foto abaixo.
Como dito acima, o
centro alagava sempre nos períodos invernosos, buscando uma solução para isso,
Nenen adquiriu junto a um deputado (que nossa equipe ainda não descobriu qual),
verba para a construção de uma rede de escoamento fluviais, o famoso saneamento
básico do centro, na época também coisa de 1º mundo. Chovia no centro e ligeiro
a agua sumia!
O
projeto contém uma rede de manilhas grandes no centro da cidade, de
aproximadamente 1,0m a 1,2m de diâmetro, com aproximadamente 3m de profundidade
(em relação ao solo), que começava na estação ferroviária e cortava em linha
reta, seguindo basicamente a antiga linha do trem, e desaguava aproximadamente
ali onde hoje é a Cohab, mais precisamente ali onde hoje fica um deposito de rações
(Aurivone). Esta rede, recebe água de inúmeras redes menores espalhadas pelo
centro cidade, essa, são manilhas de aproximadamente 50cm de diâmetro que
interligam as “bocas de lobo” a rede maior, fazendo assim um sistema só. Cabe
aqui por oportuno, citar que este projeto não foi feito para receber dejetos,
pois, ele não leva a uma estação de tratamento, no entanto, atualmente os
grandes problemas enfrentados no centro em dias de chuvas são em decorrência de
muitas casas do perímetro estarem usando a rede (que é impropria para esta
finalidade), como fossa séptica, o que ocasiona em verões mal cheiro, e no
inverno retornos da águas com toda as suas imundices.
Foi também Nenen
Mesquita quem proporcionou pela primeira vez, segundo nossas fontes, o acesso
do povo a televisão, com a implantação da primeira televisão pública no
município, naquela época era raríssima a casa que tivesse uma televisão e quem
tinha não poderia deixar qualquer um assistir, a ‘Televisão preta e branca’
ficava onde hoje é a pracinha do bairro do açude. Essa tecnologia na época
também foi levada aos distritos de Salão e Serrota.
É também de Francisco
Xavier, a iniciativa da mudança nos dias dos festejos de Nossa Senhora do
Amparo, segundo nossas fontes, antigamente a festa da padroeira acontecia de 5
a 15 de agosto, ou seja, na mesma data dos festejos de Nossa senhora do Livramento,
padroeira da cidade vizinha, Uruoca, percebendo que não deixava renda á
paroquia de Senador Sá, Nenen em Parceria com o pároco local da época, resolveu
então solicitar a Diocese a mudança nos dias dos festejos, o que foi aprovado
ficando de 29 de agosto a 8 de setembro, em vigor atualmente.
Em sua gestão, nesse
período um dia era especial, o 7 de setembro, onde para atrair pessoas e trazer
renda para a cidade, era realizado o desfile de 7 de setembro, um evento
pomposo, que contava com participação das escolas e da comunidade em geral,
vinham bandas de músicas, fotógrafos e até equipes de filmagens para
registrarem o evento, até hoje ainda existe na cabeça de quem viu ou
participou, a beleza dos desfiles de 7 de setembro da gestão Nenen.
Também
foi o alfabetizado Nenen Mesquita, ou a sua gestão, a revolucionar a educação
do município, em seu mandato foi criado o Órgão Municipal de Educação - OME,
que além da construção de escolas em todos os distritos, trouxe a Senador Sá,
sendo na época pioneiro na região, o ensino do 2º grau (atual médio) nas
modalidade pedagógico e cientifico, pedagógico; ensino que dava aos que
cursavam a formação de professor da educação fundamental (1º grau), cientifico;
preparava os alunos para a universidade. Até então, Senador Sá só tinha o
ensino fundamental. Segundo informações, a maioria dos professores do 2º grau
eram de outras cidades. Cabe aqui por conveniência uma nota, atualmente o 2º
grau é o que chamamos ensino médio, no entanto, a modalidade hoje é cientifico,
não existe mais a pedagógica.
Muito correto e justo
em suas coisas (assim descrito), nos registros de funcionário da prefeitura,
até os dias atuais, os anais de sua época são ainda os mais organizados, é dele
também o título de prefeito que mais assinou carteira de trabalho na história
de Senador Sá.
O legado de Nenen vai
muito além do que falamos neste breve resumo, tem muita coisa a ser dita ainda
que esperamos contar em outra ocasião, se assim Deus nos permitir, tem por
exemplo a Saúde e a urbanização que ficará para outra oportunidade.
Nenen Mesquita saiu da
prefeitura em janeiro de 1989, quando passou a bola para sua sobrinha, filha de
Sancho Rodrigues, Lucileide Oliveira Lima, a popular Lêda, que saiu eleita na
disputa das eleições que concorreu com José Rui Nogueira Aguiar, Terezinha
Prado Lima e Francisco Aurilêdo Gomes. Lêda tinha como vice, segundo nossas
pesquisas, Alexandre Fonseca Marques, no entanto, os documentos oficiais dizem
que o vice era, Marcelo Rodrigues Marques, detalhe a parte. Lêda, em
decorrência do excelente trabalho desenvolvido por Nenen Mesquita, botou os
outros candidatos a prefeito no bolso, venceu as eleições de 1988 fácil, fácil,
com 332 votos de maioria do segundo colocado, Rui Aguiar.
De
acordo com as informações, que neste caso são unanimes, na gestão de Lêda,
Nenen não teve muita vez, pois, quem mandou foi Sancho Rodrigues de Oliveira,
pai de Lêda, cunhado de Nenen. Ainda de acordo com as informações, Sancho
Rodrigues teria feito uma péssima administração, o que veio a refletir
diretamente nas eleições de 1992, quanto Nenen quis voltar ao poder e o povo
não lhe deu vez, a derrota ainda é atribuída por muitos, a Sancho Rodrigues.
Nas eleições de 1992,
Nenen Mesquita então no PSDB, vinha como favorito para a disputa tendo como
companheiro na cabeça de chapa, Raimundo Rodrigues Basto, que havia disputado
na eleição anterior ao lado de Rui Aguiar. Por outro lado, já sinalizando que
não seria fácil, encabeçava a oposição Alexandre Marques (PL), que havia sido o
vice de Lêda na disputa anterior, tendo como vice o candidato derrotado na
eleição passada, Rui Aguiar, uma dupla e tanto. Há quem diga que o favoritismo
de Nenen não ajudou muito.
O resultado das
eleições não saiu como o esperado, Alexandre ganhou com 1513 votos, 116 a mais
que Nenen.
O que se passou na
cabeça de Nenen naquele dia, só Deus sabe!
Passadas as eleições de
1992, nem Sancho, nem Nenen no poder, vem novamente as eleições de 1996, a
vontade de voltar ao comando e continuar fazendo aquilo que começou foi maior
que a razão, Nenen tenta novamente uma vaga ao executivo. Sem dinheiro, tanto
ele como Sancho, veem-se diante de um grande desafio pela frente, Sancho
prevendo uma nova derrota, sai da postura de líder e recomeça do zero,
lançando-se a vereador. Nenen forma aliança com José Anésio Silveira e monta
sua chapa.
Rui Aguiar, então vice
de Alexandre Marques, aparta e monta um terceiro grupo com o vereador Francisco
das Chagas Costa. O atual gestor não aceita ficar por baixo e decide lançar seu
próprio candidato, lançando então, Alfredo Ferreira Cunha a prefeito, tendo
como vice, Marco Antônio Costa Araújo Lima.
As eleições terminaram
tendo prefeito eleito, Rui Aguiar, o mesmo foi eleito com 1323 votos; Nenen
Mesquita, ainda tirou 1201 voto; Alfredo Cunha 732.
Detalhar esta disputa
nos comeria mais duas laudas no mínimo, resumo em dizer, que Nenen, nessa, deu
tudo de si, colocou tudo que tinha e o que não tinha. Há quem diga que Nenen
depois de 96 não foi mais o mesmo, uns acreditam que ele tenha entrado em
depressão, se é verdade ou não, não sabemos, o fato é que Xavier que sofria de
diabetes, foi posteriormente diagnosticado com Doença de Parkinson e
teve nos anos que se seguiram, o seu quadro piorado.
Uns dizem que as
dívidas da campanha começaram a bater na sua porta, e ele, que sempre foi
correto em suas coisas (como assim é descrito pelo povo), se viu em situação de
devedor e incapaz, dadas as circunstâncias que as doenças lhe deixaram, e isso
pode ter piorado a situação. Outros atribuem sua piora ao silêncio, Nenen era
um homem de poucas palavras e tornou-se mais fechado logo depois de 96.
Nos anos seguintes o
quadro de Nenen Mesquita só piorou, nos anos 2000 o mesmo já precisava de
auxílio para se locomover, em decorrência da doença havia perdido a coordenação
motora e andava sempre com o auxílio de alguém. Na madrugada do dia 7 para 8 de
julho de 2002, a sua casa localizada no centro de Senador Sá, foi acordada pelo
barulho de uma pancada na porta, a casa inteira se levantou para ver o que
havia acontecido, era Nenen que tentara se levantar sozinho da cama e caíra no
quarto próximo à porta, batendo fortemente com a cabeça, possivelmente no chão,
o mesmo foi levado às pressas para Sobral, lá foi constatado traumatismo
craniano, com formação de um coágulo. Nenen veio a óbito por volta das 3h:00min
de 8 de julho de 2002.
FONTE: CS1 - Correio Senadorsaense = http://www.correiosenadorsaense.com/2017/02/senador-sa-francisco-xavier-de-mesquita.html
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