sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

BENTO XVI RENUNCIA PARA FAZER O SUCESSOR

Bento XVI não foi um papa pop. Não era esta a pretensão do alemão Joseph Alois Ratzinger, membro de várias academias científicas da Europa, com oito doutorados honoríficos de diferentes universidades. Enfim, um intelectual. Quando não estava debruçado sobre um livro, dedicava-se a tocar piano. Mozart e Bach, de preferência.
Em 1953, defendeu sua tese de doutorado: “Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho”. Aurelius Agostinos virou santo não por ter feito milagres, mas sim por seu um teólogo cristão (até hoje) com forte influência no pensamento ocidental. O mérito da tese explica o doutor.
O intelectual se aprofundou sobre outro intelectual. Lembrem-se que o Cardeal Ratizinger presidiu a Congregação para a Doutrina da Fé. Portanto, entre 1981 e 2005, foi o Guardião do Dogma, que é a base da Igreja Católica Apostólica Romana.
Tornado Bento XVI, Ratzinger faz História. Pela primeira vez em mais de 600 anos teremos um ex-papa. É provável que, pela primeira vez na História, tenhamos um Papa que vai conduzir a sua própria sucessão. Vivo e, até onde se saiba, absolutamente consciente de suas responsabilidades.
Um papa fazendo o sucessor? Sim, a formação de Ratzinger sugere algo do tipo. Um homem que derrotou as ideias marxistas dentro da Igreja Romana não desce da cruz à toa.
João Paulo II era o Papa pop. Como costumamos caracterizar os políticos populares, era um líder carismático. Essa é a visão prosaica. Na verdade, mantendo sempre perto de si o seu Guardião do Dogma, João formou um trio de líderes mundiais que mudaram a face da humanidade.
Sim, João Paulo II em seus primeiros anos de papado foi contemporâneo de Ronald Reagan e Margareth Thatcher. Os três conduziram a vitória do capitalismo e do liberalismo econômico na disputa contra o estatismo liderado pela então União Soviética.
Restaram a China, com seu capitalismo de estado e um punhado de ditaduras carcomidas e empobrecidas, como é o caso de Cuba e a Coreia do Norte.
A morte de uma papa ou uma renúncia como a de Bento XVI sempre fazem florescer as teses mais extravagantes e as teorias conspiratórias. Fala-se em um papa progressista. E o que seria um papa “progressista”?
Ora, a Igreja é alicerçada sobre dogmas que se contrapõem ao que o senso comum considera “progressista”. Então, para aceitar, por exemplo, o casamento entre pessoas do mesmo sexo seria preciso que a Igreja abrisse mão de um dogma. Coisa que a Igreja não fará.
Um homem com a formação de Bento XVI sugere que sua renúncia foi um ato pensado estrategicamente. Vivo, são maiores as chances de prolongar no comando da Igreja o mesmo pensamento que o tinha como eminência parda nos 27 anos de papado de seu antecessor e como líder máximo nos seus oito anos como Papa.
Fala-se da possibilidade de um papa de fora da Europa. Do continente americano, talvez. Da África, quem sabe. Como a origem geográfica não é uma categoria teológica ou de pensamento, o que menos importa é origem natal do escolhido.
Anotem: independentemente de sua origem geográfica, virá um papa menos ou mais conservador como foram todos os papas desde a fundação da Igreja Católica Apostólica Romana.
Por Fábio Campos.

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