Bento
XVI não foi um papa pop. Não era esta a pretensão do alemão Joseph Alois
Ratzinger, membro de várias academias científicas da Europa, com oito
doutorados honoríficos de diferentes universidades. Enfim, um intelectual.
Quando não estava debruçado sobre um livro, dedicava-se a tocar piano. Mozart e
Bach, de preferência.
Em
1953, defendeu sua tese de doutorado: “Povo e Casa de Deus na doutrina da
Igreja de Santo Agostinho”. Aurelius Agostinos virou santo não por ter feito
milagres, mas sim por seu um teólogo cristão (até hoje) com forte influência no
pensamento ocidental. O mérito da tese explica o doutor.
O
intelectual se aprofundou sobre outro intelectual. Lembrem-se que o Cardeal
Ratizinger presidiu a Congregação para a Doutrina da Fé. Portanto, entre 1981 e
2005, foi o Guardião do Dogma, que é a base da Igreja Católica Apostólica
Romana.
Tornado
Bento XVI, Ratzinger faz História. Pela primeira vez em mais de 600 anos
teremos um ex-papa. É provável que, pela primeira vez na História, tenhamos um Papa
que vai conduzir a sua própria sucessão. Vivo e, até onde se saiba,
absolutamente consciente de suas responsabilidades.
Um
papa fazendo o sucessor? Sim, a formação de Ratzinger sugere algo do tipo. Um
homem que derrotou as ideias marxistas dentro da Igreja Romana não desce da
cruz à toa.
João
Paulo II era o Papa pop. Como costumamos caracterizar os políticos populares,
era um líder carismático. Essa é a visão prosaica. Na verdade, mantendo sempre
perto de si o seu Guardião do Dogma, João formou um trio de líderes mundiais
que mudaram a face da humanidade.
Sim,
João Paulo II em seus primeiros anos de papado foi contemporâneo de Ronald
Reagan e Margareth Thatcher. Os três conduziram a vitória do capitalismo e do
liberalismo econômico na disputa contra o estatismo liderado pela então União
Soviética.
Restaram
a China, com seu capitalismo de estado e um punhado de ditaduras carcomidas e
empobrecidas, como é o caso de Cuba e a Coreia do Norte.
A
morte de uma papa ou uma renúncia como a de Bento XVI sempre fazem florescer as
teses mais extravagantes e as teorias conspiratórias. Fala-se em um papa
progressista. E o que seria um papa “progressista”?
Ora,
a Igreja é alicerçada sobre dogmas que se contrapõem ao que o senso comum
considera “progressista”. Então, para aceitar, por exemplo, o casamento entre
pessoas do mesmo sexo seria preciso que a Igreja abrisse mão de um dogma. Coisa
que a Igreja não fará.
Um
homem com a formação de Bento XVI sugere que sua renúncia foi um ato pensado
estrategicamente. Vivo, são maiores as chances de prolongar no comando da
Igreja o mesmo pensamento que o tinha como eminência parda nos 27 anos de
papado de seu antecessor e como líder máximo nos seus oito anos como Papa.
Fala-se
da possibilidade de um papa de fora da Europa. Do continente americano, talvez.
Da África, quem sabe. Como a origem geográfica não é uma categoria teológica ou
de pensamento, o que menos importa é origem natal do escolhido.
Anotem:
independentemente de sua origem geográfica, virá um papa menos ou mais
conservador como foram todos os papas desde a fundação da Igreja Católica
Apostólica Romana.
Por Fábio Campos.
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