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Alunos em escola estadual na região da Barra Funda zona oeste de São Paulo |
Referência para o que deve ser
ensinado em todas as escolas do país -públicas e privadas–, a nova versão da
base nacional comum curricular prevê que todos os alunos sejam alfabetizados
até o 2º ano do ensino fundamental –mais cedo do que a meta hoje prevista.
A
medida faz parte da terceira e última versão da base nacional curricular, que
será entregue pela pasta nesta quinta-feira (6) ao Conselho Nacional de
Educação, órgão associado ao MEC e que analisa mudanças em políticas
educacionais.
Alvo de críticas acaloradas desde que
a sua primeira versão foi lançada, em setembro de 2015, a base serve como uma
espécie de guia do que deve ser implementado nos currículos em quatro grandes
áreas do conhecimento (veja quadro abaixo).
A previsão do MEC é que o modelo, que
definirá até 60% do conteúdo a ser ensinado na educação infantil e ensino
fundamental, chegue aos materiais didáticos e salas de aula públicas e
particulares em 2019.
Um
dos pontos sensíveis do debate é justamente a alfabetização que, de acordo com
a proposta, é alterada com uma nova distribuição das habilidades a serem
desenvolvidas durante o aprendizado nos dois primeiros anos do ensino
fundamental.
"O
que estamos propondo não é uma meta, mas sim [definir] que os anos de
alfabetização concentrados no letramento são o 1º e o 2º ano do ensino
fundamental", diz a secretária-executiva do Ministério da Educação, Maria
Helena Guimarães de Castro.
A base é composta por...*
...4
áreas do conhecimento:
> Matemática
> Ciências da natureza: ciências
> Linguagens: língua portuguesa, arte, educação física e língua inglesa
> Ciências humanas: geografia e história
> Ciências da natureza: ciências
> Linguagens: língua portuguesa, arte, educação física e língua inglesa
> Ciências humanas: geografia e história
...e
as principais mudanças ocorreram em:
Alfabetização
Como é: Plano Nacional da Educação prevê aluno alfabetizado até o 3º ano
Como fica: Alfabetização será antecipada para o 2º ano, aos 7 anos de idade
Como é: Plano Nacional da Educação prevê aluno alfabetizado até o 3º ano
Como fica: Alfabetização será antecipada para o 2º ano, aos 7 anos de idade
Ensino
religioso
Como é: Constituição de 1988 define que o tema é facultativo nas escolas
Como fica: Foi retirado do texto; caberá aos Estados, municípios e escolas privadas decidir
Como é: Constituição de 1988 define que o tema é facultativo nas escolas
Como fica: Foi retirado do texto; caberá aos Estados, municípios e escolas privadas decidir
Estatística e
probabilidade
Como é: Não apareciam nos documentos prévios da base
Como fica: Serão ensinadas a partir do 1º ano do fundamental
Como é: Não apareciam nos documentos prévios da base
Como fica: Serão ensinadas a partir do 1º ano do fundamental
*Considera apenas os ensinos infantil e
fundamental; a base do ensino médio foi adiada
-
HABILIDADES
No
documento, essa ênfase na alfabetização mais cedo se traduz por um conjunto de
habilidades concentradas nesses dois primeiros anos. No 2º ano de língua
portuguesa, por exemplo, é a habilidade em "reler os textos produzidos,
com a mediação do professor e colaboração dos colegas".
De
acordo com Zuleika de Felice Murrie, redatora da área de linguagens da base
curricular, a "garantia" de proporcionar a alfabetização mais cedo
ocorre, também, devido a uma maior introdução de estímulos à oralidade e
escrita ainda na educação infantil.
"Quando
falamos em alfabetização, falamos em compreender como funciona o sistema da
escrita, sabendo com quantas e quais letras se escreve uma palavra. A ideia é
que esse domínio ocorra nos dois primeiros anos. Isso porque, mesmo que não se
denomine como alfabetização, já foi antecipada uma boa percepção da oralidade,
leitura e escrita na educação infantil. O aluno já tem uma bagagem",
afirma.
Segundo
ela, nos anos seguintes, a previsão é que haja maior enfoque na ortografia.
A
mudança foi bem recebida por alguns especialistas.
"O
Brasil tradicionalmente esperava que estivesse alfabetizado aos oito anos, para
verificar isso só aos nove anos. É muito tarde. Se não está alfabetizado, como
o aluno vai aprender o resto?", afirma Denis Mizne, diretor da Fundação
Lemann e integrante do Movimento pela Base -defensor de uma base curricular nas
escolas brasileiras nos moldes de países como Austrália, Canadá e Portugal.
"Essa
clareza também ajuda o professor a saber o que é esperado e o que ele tem que
entregar", diz.
CONTEÚDO
'ANTECIPADO'
A
nova proposta para a base nacional curricular também antecipa alguns objetivos
de aprendizagem -caso de alguns conteúdos do ensino médio que passaram para o
9º ano do ensino fundamental, segundo Castro. O objetivo é facilitar a
transição entre essas etapas.
A
terceira versão da base também traz outras mudanças. Uma delas é a atribuição
de dez "competências" que devem ser desenvolvidas e estimuladas
durante a educação básica.
Fazem
parte da lista a capacidade, a ser adquirida pelo aluno, de usar os
conhecimentos para entender e explicar a realidade, exercer a curiosidade e
reflexão crítica, formular e testar hipóteses, reconhecer manifestações
culturais, entre outras.
Em
uma das mudanças, o documento faz referência ao uso de tecnologias digitais,
que devem ser usadas "de forma crítica, significativa, reflexiva e ética
nas diversas práticas do cotidiano".
Para
Castro, o incentivo à reflexão sobre o uso de tecnologias é um dos destaques da
nova versão.
"A
capacidade de argumentação é algo que também está muito forte nessa base e que
na outra não aparecia com tanta ênfase", afirma.
Essas
duas competências, diz, estão interligadas. "As tecnologias digitais têm
diminuído de alguma maneira a capacidade do jovem de conversar, falar,
argumentar e defender seu ponto de vista. A tecnologia é tão momentânea que
acaba superficializando a maneira como o jovem se coloca. Na ocupação de
escolas isso ficou evidente. Não tinha uma causa clara e o jovem tinha
dificuldade de defender muitas vezes o seu ponto de vista", completa.
A
versão final da base nacional curricular depende, agora, da apreciação do CNE,
que deve realizar cinco audiências públicas ainda neste ano. "A
normatização da base será feita por meio de um parecer", diz à Folha
Eduardo Deschamps, presidente do CNE.
De
acordo com ele, o conselho tem a prerrogativa de fazer alterações no texto,
"mas todo o processo realizado até agora será respeitado."
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
SAIBA MAIS: ACESSE O LINK
http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/04/1873047-entenda-a-base-comum-curricular-que-deve-mudar-o-ensino-em-todo-o-pais.shtml
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