sábado, 22 de dezembro de 2012

HOJE MINHA CIDADE ESTÁ DE LUTO.


Urbano Lopes, a quem chamávamos de Rubano, “encontrou-se com o único mal irremediável”.

Rubano era pai de Diego, Micaele e Luana. Casado com Cira e, desde que me entendo por gente, trabalhava na sua mercearia, localizada ao lado do portão central do Mercado público.

Numa infeliz coincidência, há exatos dois anos, meu sogro também faleceu.

Rubano era pacato e tinha um ótimo senso de humor. Não me recordo de ver o Rubano envolvido em qualquer confusão; também nunca vi sua mercearia vazia de amigos. Conheço pessoas de bem, pessoas decentes, que freqüentaram a mercearia do Rubano por décadas. Não se sabe se a mercearia vai continuar, mas mesmo que continue, já não é mais a mesma. Aquele ponto era mais que um local de compra e venda. Era um ponto de encontro.

Das várias tiradas do Rubano, tem uma que guardo desde minha adolescência: “Gerlandio, estando com razão, todo homem é homem pra outro homem...” Não preciso explicar o que Rubano quis dizer. Mas tenho que dizer que a imagem que guardo do Rubano era exatamente essa: um cara que andava “direitinho” exatamente para não ver ninguém lhe por o dedo em riste; trabalhava muito e vivia dedicado à família.

Rubano suportou a enorme dor de ver um filho morto. Eu mesmo nem imagino como reagiria a isso. Rubano fraquejou, chorou, sentiu a falta do filho, mas reagiu. Ele tinha que reagir, a família dele precisava dessa reação. E retirando forças não sabe de onde, ele manteve a família unida, fortalecida e orgulhosamente levou a filha ao altar, e esse foi um dos últimos momentos em que o vi. Ele estava bem naquela noite por que sabia que a filha também estava construindo mais uma das famílias de bem da nossa cidade.

A minha cidade é uma cidade repleta de homens de bem. Muitos já se foram e eu poderia apontar vários, mas vou mencionar apenas alguns: além do próprio Rubano, o meu sogro Chico Rodrigues, o Sr. Chico Rodrigues, o Sr. Zé Anésio e o Sr. Chico Sancho. Haveria muito mais: o Sr. Anastácio, o Sr. Valdomiro, o meu avô Antonio Joaquim e tantos outros. Todos eles se foram e todos eles deixaram exemplos de como bem tratar a família e os amigos.

Hoje ainda temos vários homens de bem, várias famílias de bem. E é por isso que a cidade está triste. É que nós, senadorsaenses, somos bons. Somos um povo tranqüilo, um povo fraterno. E é por isso que saí fisicamente de lá, mas ainda não consegui tirar a cidade do meu pensamento.

Quando alguém morre, tendemos a não nos conformar. É natural. Em conversa com minha mãe exatamente sobre isso, ela ponderava que não podemos concorrer com Deus, não podemos pretender que a nossa vontade prevaleça, e não a Dele. Temos que aceitar a morte...
Acabamos aceitando a morte, mas é com uma enorme tristeza. Não poderia ser diferente!

Suportamos a morte por que ela é inevitável; toleramos a morte por que contra ela nada podemos fazer... Mas nos entristecemos com a morte por que para ela nunca estamos preparados.
Fiquei triste hoje, fiquei triste há dois anos; fiquei triste quando do falecimento de cada um dos que mencionei. Todos me trataram muito bem em vida e a todos busquei retribuir da mesma forma.

Quarta feira é dia de futebol na TV. Era dia também em que Rubano saía pra se divertir, visitava amigos, ria e fazia rir. As quartas-feiras vão sentir falta do Rubano. A família e os amigos vão sentir essa falta não apenas nas quartas, mas todos os dias.
E eu só espero que Deus conforte a todos.

Fonte: Texto retirado do facebook do senhor Gerlândio Gomes Santos.

Um comentário:

  1. Uma perda lamentável para Senador Sá. Lembrando de homens bons de Senador Sá, mim recordei de meu avô Sr. Emanuel Rufino. Um homem muito trabalhador que se foi mas deixou exemplo de vida.

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