sábado, 28 de abril de 2012

CEARENSES LIDERAM RANKING DOS QUE RETORNAM PARA CASA


Quando Eduardo Vieira, 31, deixou o Ceará, em 2010, deveria ser para a vida inteira. O ilustrador saiu em busca de crescimento, oportunidade e experiência em São Paulo. Só não sabia que a saudade de casa, da família e dos amigos o faria mudar de planos. Voltou de mala e cuia. Veio com a esperança de transformação. “Assim que voltei, recebi a proposta de emprego onde trabalhava, mas com um salário melhor”, confirma. E o ilustrador não pensa, por enquanto, em sair do Ceará.

Eduardo é um dos mais de 500 mil cearenses que deixaram o Estado, mas decidiram retornar a viver por aqui. Segundo o Censo Demográfico 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado ontem, o Ceará aparece na pesquisa com o maior percentual de migrantes de retorno do País, com 46,6% do total. O índice se refere às pessoas que nasceram no estado em que residiam durante a pesquisa, mas que moravam em outro local cinco anos antes.
No Brasil, o número de migrantes de retorno subiu de 22%, dados do Censo 2000, para 24,5% - um total 1,23 milhão de brasileiros que voltaram para o estado de origem. No Ceará, a quantidade de pessoas que voltaram a residir no Estado foi de mais de 570 mil pessoas. É exatamente o oposto do movimento que historicamente vinha acontecendo no Ceará, com migrações que buscavam escape da seca, do desemprego e eram busca de oportunidades.
“O que determina o processo de retorno é, principalmente, a dinâmica econômica. O Nordeste tem recebido uma massificação desses investimentos, sobretudo o Ceará”, avalia o professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC) José Levi Furtado Sampaio. O setor de serviços, classifica o professor, é um dos principais motivadores para o que foi constatado pelo Censo 2010. “Muitos trabalhadores do Ceará se qualificaram em outros estados e, vendo oportunidade de trabalho na área na terra de origem, optaram por voltar”.
O crescimento econômico do Ceará tem uma contribuição importante, mas não única para o regresso do cearense. O professor do curso de Comunicação Social da UFC Wellington Júnior aponta a identificação cultural e ligação com as raízes como fundamental para a decisão. “Isso não aconteceria se houvesse no retirante ou no autor exilado um desejo anterior de volta. A maioria vai porque previsa ir trabalhar, precisa ir estudar, se qualificar”, diz.
O alto custo de vida nos destinos principais para o migrante do Ceará também contribui para o fenômeno da migração reversa. “Se o ganho no Ceará, embora menor, represente pouca diferença em relação ao que é possível consumir, o laço com a terra prevalece”, considera o analista de políticas públicas do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) Daniel Suliano.
Segundo o professor José Levi, da UFC, o retorno não se restringe às capitais, mas vem se tornando fenômeno principalmente em cidades de médio porte. “A maioria não se sente totalmente integrado e tem o desejo de voltar para a sua terra”, pondera.
Fonte: O Povo Online

2 comentários:

  1. Eu que o diga!Vim pra, cá sem mala e nem cuia,e hoje... Tenho três vezes mais ,do que eu tinha em São Paulo.

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